quarta-feira, 1 de junho de 2011

4º Fichamento - TEORIAS E MODELOS EM GENETICA DE POPULAÇÕES

TEORIAS E MODELOS EM GENETICA DE POPULAÇÕES.


João Carlos Marques Magalhães
Departamento de Genética, UFPR
Décio Krause
Departamento de Filosofia, UFSC
Membros do Grupo de Lógica e Fundamentos da Ciência --CNPq1

"O campo do conhecimento que usualmente se denomina de teoria da evolução, tal como
aparece nos livros acadêmicos, é um vasto domínio do conhecimento que tem múltiplas facetas,
envolvendo um conjunto vasto de preceitos, explicações etc., que tratamos pelo que comumente
chamamos de “teorias”, as quais sumarizam os diferentes modos, ou perspectivas, pelos quais nos
aproximamos desse domínio. Essas ‘teorias’ têm em comum o seu objeto: as transformações dos
seres vivos ao longo do tempo. As diferentes disciplinas evolutivas, como genética de
populações, ecologia teórica, sistemática, biogeografia, morfologia e embriologia comparadas,
compreendem exemplos do que podemos chamar de teorias, no sentido acima, e abordam estas
transformações a partir de diferentes pontos de vista, métodos e objetivos. Cada uma delas, por
sua vez, comporta, ou supõe, diversas outras ‘teorias’, algumas de grande generalidade, outras
mais específicas. Esses construtos, por sua vez, valem-se de recursos teóricos, que são utilizados
para se investigar sistemas biológicos, tomados eles próprios como modelos (no sentido
informal) da teoria considerada. Assim, para efeitos de maior precisão terminológica, talvez seja
melhor dizer que as aproximações informais, feitas na linguagem usual, eventualmente
suplementada com conceitos específicos da matemática, da física, da química e da biologia (e
eventualmente de outras áreas), devam ser qualificadas como teorias informais (alguns preferem
dizer prototeorias ou quase-teorias). As teorias propriamente ditas seriam as versões axiomáticas
(ou formalizadas) desses construtos, nas quais se pode indicar de forma precisa quais são seus
conceitos primitivos (se há algum), sua linguagem, sua lógica subjacente (se há uma), e assim por
diante. No entanto, devido ao uso comum desses termos, continuaremos a chamar de teoria
idistintamente a versão informal de um determinado campo do conhecimento, bem como à sua
(na verdade, a uma de suas) abordagens axiomáticas ou formais. O contexto e o bom senso
permitirão que o leitor faça a devida distinção, de forma que não precisamos discorrer mais sobre
questões de terminologia."

"A teoria da seleção natural de Darwin e Wallace4 forneceu, entre outras coisas, uma
explicação para as transformações dos seres vivos ao longo do tempo e para a origem das
adaptações biológicas. Esta teoria é reconhecidamente uma das principais fontes do moderno
pensamento biológico. Sua aceitação, entretanto, foi problemática. Ao final do século XIX, a
evolução dos seres vivos já era aceita pela maioria dos cientistas. A teoria da seleção natural,
entretanto, era apenas uma das várias explicações existentes para o processo evolutivo, sendo que
nos anos em torno de 1900 existiam várias teorias alternativas (ver, p.ex., BOWLER, 1985), o
que exemplifica o perspectivismo, no sentido em que estamos usando esta palavra."

"O objetivo deste artigo foi fornecer um exemplo de como métodos formais (no caso a
axiomatização à maneira de P. Suppes) podem ser úteis na discussão de conceitos, da estrutura
teórica e de problemas metodológicos relativos à biologia evolutiva. Na verdade, não cremos que
possa haver um entendimento conceitual aprofundado de qualquer teoria sem que se proceda a
sua axiomatização."


FONTE://www.cfh.ufsc.br/~dkrause/pg/papers/LivroCharbel.pdf

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